As janelas de transferências no
futebol costumam ser um dos momentos chave para determinar futuros postulantes
a títulos, os que brigarão no meio da tabela e os clubes que não terão boas
projeções na temporada. No Brasil, especificamente, as últimas movimentações no
mercado da bola tem chamado atenção com cifras jamais vistas e negociações que
eram impensáveis de tornam-se realidade há alguns anos. Nomes como Juanfran,
Filipe Luís e Daniel Alves não eram sequer especulados no país e hoje, atuam no
Campeonato Brasileiro. Nunca gastou-se tanto como agora para a montagem de
elencos.
Entre 2018 e setembro de 2019, os
12 principais clubes do Brasil movimentaram mais de R$ 900 milhões em
transferências diretas, sem considerar valores de luvas ou bônus. Mais de 190
jogadores foram envolvidos em negociações e ascenderam o vai e vem do futebol
brasileiro. O clube mais "gastão" nesse período foi o Flamengo, que investiu
mais de R$ 250 milhões em seu plantel.
Todos os dados foram retirados do portal Transfermarkt |
Mas ao analisar contratações e defini-las como "caras" ou "baratas" precisa-se colocar na mesa o que eles renderam em campo, e não somente o valor. Ao olhar desta forma, apenas 29% dos jogadores contratados no período em questão são atualmente titulares de seus clubes. A maior parte do investido foi para atletas que são considerados reservas (40%). Outros 10% foram emprestados e 20% já não fazem mais parte das equipes qual foram contratados.
ALTO INVESTIMENTO, ALTO RETORNO
Em 2019, o Flamengo gastou R$ 169
milhões na montagem de seu elenco. Para contar com o trio Arrascaeta, Bruno
Henrique e Gabriel, foi investido R$ 84 milhões (considerando que o atacante
Gabigol veio por empréstimo e sem custos). Até 5 de setembro, o tridente milionário
marcou 58 gols para o rubro-negro, resultando no título carioca, a classificação
para as semifinais da Libertadores após 35 anos e na liderança do Campeonato
Brasileiro. Nomes como Filipe Luis e Rafinha, chegaram no meio da temporada e
sem custos após o término de seus contratos na Europa. Tudo é fruto de muito
planejamento que pôde culminar em um dos melhores elencos do país.
O trio que chegou em 2019 e já conquistou o coração da torcida flamenguista (Foto: Divulgação) |
QUANTO VALE UM MAU NEGÓCIO?
O Palmeiras foi o segundo time
que mais investiu na temporada atual. O alviverde desembolsou mais de R$ 150
milhões na montagem de seu elenco. Mas em campo, apenas 22% deste total reflete
na equipe titular. Oito contratações foram jogadores considerados reservas por
Felipão, que foi demitido recentemente. O atacante Carlos Eduardo custou R$ 26 milhões aos cofres palmeirenses e em 15 jogos marcou apenas um gol, sendo um dos principais criticados pela torcida. Os resultados até aqui também não
são bons: eliminado nas semifinais do Campeonato Paulista e nas quartas de
final da Copa do Brasil e Libertadores, o Palmeiras passa pela seu momento em
2019. Já são sete rodadas sem vencer no Brasileirão. E se o atual campeão brasileiro
tivesse investido tão bem quanto o
Flamengo?
Carlos Eduardo foi o maior investimento do Palmeiras em 2019 mas até agora não conseguiu justificar em campo (Foto: Cesar Greco) |
A dupla paulista Santos e São Paulo, também superou a casa dos R$ 80 milhões. O lado praiano contou com uma injeção de receita vinda do próprio Flamengo, que contratou Bruno Henrique por R$ 24 milhões. Dado isto, o peixe investiu R$ 27 milhões na contratação de Cueva, que hoje está afastado do elenco. Outro jogador mais caro que Bruno Henrique foi Pablo, do São Paulo, que custou R$ 27 milhões, tal como Cueva, e também não teve uma boa sequência de jogos devido a lesões, resultando pouco dentro de campo.
Até aqui, o peruano Cueva se destacou mais por polêmicas do que dentro de campo (Foto: Ivan Storti/Santos F.C) |
Afinal, o que vale mais na montagem de uma equipe competitiva: dinheiro ou planejamento?
*Todos os dados desta matéria foram retirados do portal Transfermarkt
Lucas Nascimento
@lucasjr_10