Clássico é clássico, em qualquer lugar do mundo, seja qual for a situação dos rivais. É um jogo tenso, que envolve mais do que nunca o emocional do torcedor, que por sua vez, quer acima de tudo ver seu time superar seu adversário. E quando esse jogo, que é muito mais do que uma simples partida valendo 3 pontos, acontece próximo ao fim da competição e com seus envolvidos em situações extremas, porém, opostas, tem tudo pra ser um duelo ainda mais espetacular. Apesar de não terem realizado a mais bela das atuações, Fluminense e Botafogo proporcionaram um verdadeiro clássico, com todos os ingredientes citados acima, onde o tricolor carioca superou o alvinegro de General Severiano, no mais belo dos palcos brasileiros, e evidenciou duas situações ao apito final: a confiança do torcedor do Fluminense, ainda mais confiante na conquista da vaga na Libertadores, e o desespero do botafoguense, que se vê cada dia mais próximo de disputar pela segunda vez em sua história a Série B do Brasileirão.
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Foto: Assessoria Fluminense |
A tensão esteve presente desde o início do embate, nas arquibancadas e dentro de campo. Fora das quatro linhas podia se observar a mistura de alvinegros nervosos, preocupados com a situação da equipe, que já é muita mais que delicada, com tricolores, que esperançosos, aguardavam por mais uma vitória que poderia vir para deixar a equipe mais do que nunca na briga por uma vaga na maior competição continental da América. Dentro de campo, um Botafogo fechado, aguardando qualquer erro adversário para ser letal. E o erro veio, mas o golpe letal, não. Carlos Alberto, na melhor chance da equipe botafoguense, recebeu lindo lançamento de Marcelo Matos, que o deixou de frente para Diego Cavalieri, e diferente do que muitos fariam, o meio-atacante ficou tranquilo, contudo, em momentos delicados como esse, a tranquilidade pode ser dispensada, a emoção precisa ser colocada em primeiro lugar. Nessa onde de calmaria, a defesa adversária veio, e com um desarme fantástico aumentou a preocupação alvinegra nas arquibancadas.
Uma equipe que escolhe pela opção de jogar na defensiva tem que ter a consciência de que será pressionada, e quando o adversário é uma equipe experiente, eficaz e precisa, como é o Fluminense, essa pressão tem grandes chances de ter um resultado positivo. E apesar da demora, esse resultado veio. Foi com muita insistência, como o de um criança sedenta por um novo brinquedo, que os comandados de Cristovão Borges virão seu desejo se realizar. Aos 28 minutos da etapa final, na famosa bola aérea, que normalmente é fatalmente finalizada por Fred, surtiu efeito, mas não com o centroavante, e sim com um marcador, o volante Edson, que testou e viu a bola, lentamente, como se ela sentisse o prazer de ver as expressões dos já desesperados torcedores, cruzar a linha do gol e balançar as redes pela unica vez nos 90 minutos de partida e dar a vitória a equipe das Laranjeiras.
O placar magro não define a classificação do Fluminense a Libertadores, muito menos decreta o rebaixamento do Botafogo, entretanto, mexe muito com o psicológico das equipes, levanta a moral de um, e destrói um pouco mais o ânimo do outro. É o poder de um clássico, para o bem e para o mal, porém, um clássico não define um campeonato sozinho, um duelo de rivais, isoladamente, não tem o mesmo clamor. Se alvinegros e tricolores estão nesta situação é por um torneio todo, e terão que fazer muito por merecer para terem um final feliz.
João Pedro Almeida