29 de mar. de 2014

Avanços econômicos na Copa de 82

A Copa que marcara o verdadeiro legado de Havelange durante a presidência da Fifa começaria para ser uma Copa do Mundo comercial. A Copa da Argentina, 4 anos antes, tinha sido apenas um ensaio, onde Havelange, pediu para a televisão o aumento de apenas alguns milhões, sendo chamado de louco pelos empresários envolvidos. A Copa de 82 começaria com o empresário Horst Dassler, que tinha fechado o patrocínio da Adidas e apresentado a Fifa a Coca-Cola alguns anos antes, ajudando a Havelange no crescimento comercial que transformaria o futebol internacional no poderio financeiro que é hoje. Para se ter uma noção do aumento dos cofres da Fifa naquele curto período de tempo, transformando a Copa da Espanha como o principal promissor do capitalismo no futebol atual, a Fifa ganhou em marketing com a Copa de 1982 um total de 40 milhões de dólares e 70 milhões com direitos de televisão, o que era para época considerado um preço absurdo, tanto que o presidente brasileiro chegou a ser acusado inúmeras vezes por estar usando a Fifa para “fabricar dinheiro. O avanço foi tanto, da Copa da Espanha de 1982 para a Copa do México de 1986 que o dinheiro ganho com marketing saltaria de 40 milhões para 325 milhões de dólares.
A Copa da Espanha começaria com melhorias políticas comparadas a da Copa na Argentina, com a Espanha saindo do fascismo e indo em direção a modernidade. Um dos episódios de bastidores poucos conhecidos foi o de João Havelange, junto com o secretário geral e hoje presidente Blatter com o dirigente Antônio Saporta. Havelange exigiu lugares para os chefes de delegações as cadeiras em frente a área nobre, já que não conseguiria ocupar a área nobre todos os dirigentes. Saporta entregou os ingressos para Blatter atrás do gol. Havelange recebendo a comunicação de Blatter sobre os ingressos, foi para sala de Saporta. Ao reclamar sobre os ingressos, Saporta disse que era o que ele tinha. Sem se exaltar, Havelange trancou a porta da sala, colocou as chaves em seu bolso e falou: “Enquanto não vierem os novos ingressos, nem o senhor nem eu sairemos dessa sala. Eu quero lhe dizer que aguento 72 horas sem dormir, comer, sem beber e sem ir ao toalete. E o senhor vai morrer porque não vai aguentar. Havelange ainda fez uma última ameaça: “Se não tiver os ingressos não tem Copa. Cerca de uma hora depois bateria na porta um dirigente do comitê espanhol com todos os ingressos em mãos e entregues a Havelange.
Com as mudanças da Copa de 16 seleções para 24, os Camarões foram a grande surpresa do campeonato, conhecidos pela mídia como “os leões indomáveis, empataram três jogos e só foram eliminados por causa do saldo de gols, caso conseguisse eliminaria a Itália. O Brasil estava com o que é considerado até hoje a melhor seleção de todos os tempos, sobre o comando de Telê Santana, vencendo os três primeiros jogos com um nível técnico altíssimo, que inspiraria, segundo o próprio Guardiola, na formação do Barcelona em sua época de comando.
Brasil e Itália se encontrariam nas quartas de finais. Uma Itália quase eliminada pelo Camarões contra a considerada na época “melhor seleção desde a de 70. No primeiro tempo, o jogo terminara em 2-1 com 2 gols do italiano Paolo Rossi, principal responsável pela eliminação do Brasil e um de Sócrates. A seleção brasileira tinha Leandro, Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, entre outras estrelas. O Brasil empatou no segundo tempo com gol de Falcão e foi para cima tentando o terceiro gol, um empate bastava, mas a ambição do melhor time da Copa acabou vencendo-o com um mais um gol de Paolo Rossi, dando a Itália vitória e classificação para a semifinal. A Copa terminou com um brasileiro na final, o árbitro e hoje comentarista Arnaldo César Coelho apitou a final entre Itália 3-1 Alemanha , levou a bola da final como recordação e ouviu, no dia seguinte, da Havelange: “Arnaldo, você chegou no ponto máximo de sua carreira. Agora acabou a Copa do Mundo para você.