4 de set. de 2019

Dinheiro ou planejamento: o que é mais importante na hora de montar um elenco?


As janelas de transferências no futebol costumam ser um dos momentos chave para determinar futuros postulantes a títulos, os que brigarão no meio da tabela e os clubes que não terão boas projeções na temporada. No Brasil, especificamente, as últimas movimentações no mercado da bola tem chamado atenção com cifras jamais vistas e negociações que eram impensáveis de tornam-se realidade há alguns anos. Nomes como Juanfran, Filipe Luís e Daniel Alves não eram sequer especulados no país e hoje, atuam no Campeonato Brasileiro. Nunca gastou-se tanto como agora para a montagem de elencos.
Entre 2018 e setembro de 2019, os 12 principais clubes do Brasil movimentaram mais de R$ 900 milhões em transferências diretas, sem considerar valores de luvas ou bônus. Mais de 190 jogadores foram envolvidos em negociações e ascenderam o vai e vem do futebol brasileiro. O clube mais "gastão" nesse período foi o Flamengo, que investiu mais de R$ 250 milhões em seu plantel.

Todos os dados foram retirados do portal Transfermarkt

Mas ao analisar contratações e defini-las como "caras" ou "baratas" precisa-se colocar na mesa o que eles renderam em campo, e não somente o valor. Ao olhar desta forma, apenas 29% dos jogadores contratados no período em questão são atualmente titulares de seus clubes. A maior parte do investido foi para atletas que são considerados reservas (40%). Outros 10% foram emprestados e 20% já não fazem mais parte das equipes qual foram contratados.



ALTO INVESTIMENTO, ALTO RETORNO

Em 2019, o Flamengo gastou R$ 169 milhões na montagem de seu elenco. Para contar com o trio Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel, foi investido R$ 84 milhões (considerando que o atacante Gabigol veio por empréstimo e sem custos). Até 5 de setembro, o tridente milionário marcou 58 gols para o rubro-negro, resultando no título carioca, a classificação para as semifinais da Libertadores após 35 anos e na liderança do Campeonato Brasileiro. Nomes como Filipe Luis e Rafinha, chegaram no meio da temporada e sem custos após o término de seus contratos na Europa. Tudo é fruto de muito planejamento que pôde culminar em um dos melhores elencos do país.

O trio que chegou em 2019 e já conquistou o coração da torcida flamenguista
(Foto: Divulgação)

QUANTO VALE UM MAU NEGÓCIO?

O Palmeiras foi o segundo time que mais investiu na temporada atual. O alviverde desembolsou mais de R$ 150 milhões na montagem de seu elenco. Mas em campo, apenas 22% deste total reflete na equipe titular. Oito contratações foram jogadores considerados reservas por Felipão, que foi demitido recentemente. O atacante Carlos Eduardo custou R$ 26 milhões aos cofres palmeirenses e em 15 jogos marcou apenas um gol, sendo um dos principais criticados pela torcida. Os resultados até aqui também não são bons: eliminado nas semifinais do Campeonato Paulista e nas quartas de final da Copa do Brasil e Libertadores, o Palmeiras passa pela seu momento em 2019. Já são sete rodadas sem vencer no Brasileirão. E se o atual campeão brasileiro tivesse investido tão bem quanto o Flamengo?

Carlos Eduardo foi o maior investimento do Palmeiras em 2019
mas até agora não conseguiu justificar em campo
(Foto: Cesar Greco)

A dupla paulista Santos e São Paulo, também superou a casa dos R$ 80 milhões. O lado praiano contou com uma injeção de receita vinda do próprio Flamengo, que contratou Bruno Henrique por R$ 24 milhões. Dado isto, o peixe investiu R$ 27 milhões na contratação de Cueva, que hoje está afastado do elenco. Outro jogador mais caro que Bruno Henrique foi Pablo, do São Paulo, que custou R$ 27 milhões, tal como Cueva, e também não teve uma boa sequência de jogos devido a lesões, resultando pouco dentro de campo.  

Até aqui, o peruano Cueva se destacou mais por
polêmicas do que dentro de campo
(Foto: Ivan Storti/Santos F.C)

Afinal, o que vale mais na montagem de uma equipe competitiva: dinheiro ou planejamento? 

*Todos os dados desta matéria foram retirados do portal Transfermarkt

Lucas Nascimento
@lucasjr_10

25 de fev. de 2019

A ascensão de Gustagol e decadência de Borja


Lucas Nascimento
@lucasjr_10

O ano é 2017. Início de temporada. Após uma longa e milionária negociação, o Palmeiras acerta a contratação do centroavante Miguel Borja, ex-Atletico Nacional. O colombiano chegava com toda a pompa de estrela, adquirida após uma excelente temporada em 2016 quando foi campeão da Copa Libertadores, marcando cinco gols entre semifinais e final. O negócio foi concretizado em cerca de 34 milhões de reais, maior contratação da história do Alviverde.  

Enquanto isso na outra ponta da linha 3 vermelha do metrô, em Itaquera, o Corinthians emprestava pela primeira vez o jovem centroavante Gustavo, ao Bahia. Contratado ao Criciúma meses antes, o jogador chegou para resolver os problemas do ataque corintiano, porém não rendeu o esperado e acabou passando em branco nos nove jogos que atuou.

Dois anos se passaram e tudo mudou na carreira dos dois centroavantes. Borja nunca se firmou na equipe palmeirense e com constantes oscilações é bastante questionado pelo torcedor. Já Gustavo, após três empréstimos para Bahia, Goiás e Fortaleza retornou ao Corinthians em 2019 e rapidamente assumiu a titularidade.

Gustagol já marcou oito vezes na temporada; Borja apenas duas

O calvário de Borja

Ao desembarcar em São Paulo, Borja chegava para ser o grande nome de um já estrelado elenco palmeirense, porém na prática, foi apenas mero coadjuvante até aqui. Em seu ano de estreia marcou apenas dez gols em 43 partidas, gerando enorme dúvidas sobre suas qualidades.

O melhor momento do colombiano foi no início de 2018 com o técnico Roger Machado, inclusive terminando como artilheiro da Libertadores com nove gols, onde o Palmeiras parou na semifinal. Mas ainda assim, Borja terminou o ano em baixa e muitas vezes preterido pelo novo comandante, Felipão, que preferia escalar Deyverson em sua vaga. Inclusive, foi Deyverson que marcou o gol do título do Campeonato Brasileiro, única conquista dos palestrinos na era Borja.
Na temporada atual foram seis jogos e dois gols marcados até aqui.

Números de Borja no futebol brasileiro:

Jogos: 93
Gols: 32
Média: 0,34 gol p/jogo
Títulos: 1

O renascimento de Gustavo, o Gustagol

Gustavo foi contratado pelo Corinthians após ter bons números pelo Criciúma na série B em 2016, e logo de cara assumiu a 9 alvinegra. O investimento foi considerado alto, cerca de 10 milhões de reais. Mas o início foi bastante complicado para o jovem jogador que a época jogava pela primeira vez em sua carreira em um clube considerado grande. Naquela oportunidade entrou em campo nove vezes e não balançou as redes. Sua maior aparição foi fora de campo, quando tatuou um desenho que fazia referência a sua estreia com a camisa do Corinthians.

No início da temporada seguinte Gustavo foi emprestado ao Bahia, onde também não convenceu. Lá foram 24 partidas e seis gols marcados. Teve também uma rápida passagem pelo Goiás ainda em 2017. No início de 2018, teria início a grande reviravolta na carreira do jogador quando mais uma vez foi emprestado pelo Corinthians, dessa vez ao Fortaleza, pedido especial do técnico Rogério Ceni, e logo em sua estreia com a camisa tricolor, marcou quatro gols. Gustagol encerrou a temporada como artilheiro do Brasil e ganhou outro status para retornar ao Corinthians em 2019.

No retorno a equipe paulista, tornou-se rapidamente o principal jogador marcando oito gols em 11 jogos.

Números de Gustagol (de 2017 em diante):
Jogos: 92
Gols: 44
Média: 0,47 gol p/jogo
Títulos: 1

Ascensão e decadência

Além de obter melhores números, Gustagol mostra ter evoluído o seu jogo e vai ganhando papel de destaque no futebol brasileiro, sendo inclusive elogiado por José Mourinho. Enquanto isso o colombiano vai na contramão de todo esse sucesso. Borja foi um alto investimento palmeirense que ainda não provou o seu valor em solo brasileiro.
Em 2017, seria comum afirmar que Gustavo deveria espelhar-se em Borja. Agora, dois anos depois, já é possível assumir que os papéis se inverteram?




10 de nov. de 2017

A influência da TV na propagação do futebol americano no Brasil - Parte 3

Transmitida no Brasil desde os anos 90, quando Luciano do Valle e a Bandeirantes resolveram apostar nos esportes americanos, a NFL, National Football League, vem ganhando cada vez mais espaço na mídia. Principalmente na última década, com transmissões da ESPN e Esporte Interativo. O fã do esporte chega a acompanhar sete dos 15 jogos por rodada. 

Com o crescimento da audiência, a prática do futebol americano no Brasil também aumentou substancialmente. Além da Confederação Brasileira, federações estaduais foram criadas, times foram fundados e hoje há diversos campeonatos por todo país. Inclusive com transmissões ao vivo pela internet e, dependendo do apelo da partida, pela televisão. 

Hoje, cerca de 20 milhões de brasileiros acompanham a NFL. A popularização do futebol americano no Brasil se deve a alguns aspectos. O principal deles é o aumento de assinaturas de TV e, consequentemente, o poder de influência que a mídia assume sobre o telespectador. Muitos atletas brasileiros começaram a praticar futebol americano depois que assistiram o jogo pela primeira vez.

"Desde que conheci o esporte através dos jogos da NFL, eu tive vontade de praticar. Até que um dia vi no facebook um compartilhamento de um amigo meu fazendo um convite para quem tinha interesse em conhecer o FA e a participar da nova equipe que estava surgindo: os Mamutes (que se juntou com o Red Fox para virar JF Imperadores). Me interessei e fui procurar saber melhor. Meu primeiro treino foi no carnaval de 2015 e de la pra cá fui conhecendo cada vez mais o esporte e hoje não imagino minha vida sem o futebol americano", conta o running back Bruno Godinho, do JF Imperadores.

4 de nov. de 2017

A influência da TV na propagação do futebol americano no Brasil - Parte 2

Transmitida no Brasil desde os anos 90, quando Luciano do Valle e a Bandeirantes resolveram apostar nos esportes americanos, a NFL, National Football League, vem ganhando cada vez mais espaço na mídia. Principalmente na última década, com transmissões da ESPN e Esporte Interativo. O fã do esporte chega a acompanhar sete dos 15 jogos por rodada. 

Com o crescimento da audiência, a prática do futebol americano no Brasil também aumentou substancialmente. Além da Confederação Brasileira, federações estaduais foram criadas, times foram fundados e hoje há diversos campeonatos por todo país. Inclusive com transmissões ao vivo pela internet e, dependendo do apelo da partida, pela televisão. 

Hoje, cerca de 20 milhões de brasileiros acompanham a NFL. A popularização do futebol americano no Brasil se deve a alguns aspectos. O principal deles é o aumento de assinaturas de TV e, consequentemente, o poder de influência que a mídia assume sobre o telespectador. Muitos atletas brasileiros começaram a praticar futebol americano depois que assistiram o jogo pela primeira vez. É o caso do defensor Luiz Guilherme, o LG, do Juiz de Fora Imperadores. Ele teve o primeiro contato há dez anos, pelo videogame, e se interessou ao ponto de buscar uma partida para assistir: "O que me fez começar a acompanhar o esporte foi o NCAA Football 2006. A partir desse jogo de Playstation 2 eu comecei a entender um pouco mais do esporte e passei a acompanhar na ESPN, também em 2006".

Por quanto tempo você assistiu antes de tentar jogar?

Comecei a acompanhar e, junto com mais dois amigos, começamos a procurar por pessoas que praticassem o esporte em JF. Foi questão de poucos meses até começarmos a brincar com a bola oval na cidade.

Hoje, com qual frequência você pratica o esporte?


Após idas e vindas no esporte, tendo uma breve passagem pelo Vasco da Gama Patriotas, retornei ao FA ano passado (2016). Hoje tenho o orgulho de ser um Imperador e poder participar de um projeto como esse. Atualmente treino às terças e aos domingos. Fora isso, eu realizo treinos físicos focados essencialmente na prática do futebol americano.


A influência da TV na propagação do futebol americano no Brasil

Transmitida no Brasil desde os anos 90, quando Luciano do Valle e a Bandeirantes resolveram apostar nos esportes americanos, a NFL, National Football League, vem ganhando cada vez mais espaço na mídia. Principalmente na última década, com transmissões da ESPN e Esporte Interativo. O fã do esporte chega a acompanhar sete dos 15 jogos por rodada. 

Com o crescimento da audiência, a prática do futebol americano no Brasil também aumentou substancialmente. Além da Confederação Brasileira, federações estaduais foram criadas, times foram fundados e hoje há diversos campeonatos por todo país. Inclusive com transmissões ao vivo pela internet e, dependendo do apelo da partida, pela televisão. 

Hoje, cerca de 20 milhões de brasileiros acompanham a NFL. A popularização do futebol americano no Brasil se deve a alguns aspectos. O principal deles é o aumento de assinaturas de TV e, consequentemente, o poder de influência que a mídia assume sobre o telespectador. Muitos atletas brasileiros começaram a praticar futebol americano depois que assistiram o jogo pela primeira vez. É o caso de Sylvio de Mello, do Juiz de Fora Imperadores:

Com certeza a televisão foi a grande influenciadora para eu praticar futebol americano. A minha história começou assim. Eu sempre me interessei por esportes americanos, mas nunca tive TV a cabo. No dia que eu coloquei, busquei canais que tivessem essa programação e comecei a querer aprender sobre futebol americano por curiosidade. O fato de assistir o esporte me despertou a vontade de jogar, mesmo com 36 anos", disse.

Quando você soube que o futebol americano existia e quando assistiu pela primeira vez?

Não lembro a idade, mas sei que foi bem novinho. Os desenhos animados da Disney às vezes apareciam com alguma menção ao esporte. E tinha o Snoopy também. Quem é daquela época (anos 80) se lembra da cena do Charlie Brown vindo chutar uma bola de futebol americano e, quando a bola era retirada, ele caia de costas. Enfim, tô ficando um pouco velho. Mas com certeza, a infância foi a descoberta da existência do esporte. Agora, a primeira vez que assisti a um jogo de verdade foi em meados de 2014, quando assinei TV fechada e tive a oportunidade de sanar a minha curiosidade com o esporte e comecei a assistir jogos completos. O interessante era que os narradores da ESPN ajudavam com a explicação das regras. E isso foi me fazendo tomar gosto, porque eu comecei a entender a dinâmica do jogo.

Por quanto tempo você assistiu antes de tentar jogar?

Poucos meses. Dois ou três, talvez. O surgimento do Juiz de Fora Mamutes foi bem próximo à minha "iniciação" no futebol americano.

Com qual frequência?

Assistia um a dois jogos por semana durante a temporada. Essa quantidade foi aumentando com o passar do tempo, a ponto de assistir jogos pelo Youtube também. Hoje em dia, assisto quase todos os jogos da NFL. Principalmente os do New England Patriots, time que escolhi para torcer. Além do lazer, tenho o compromisso de estudar o esporte para melhorar o meu desempenho dentro de campo.

9 de ago. de 2017

Com susto, Grêmio vence Godoy Cruz mais uma vez e avança na Libertadores

Pela Copa Libertadores da América, o Grêmio recebeu o Godoy Cruz, da Argentina, nessa quarta-feira (09/08), na Arena, em partida válida pelas oitavas-de-finais da competição. Após vencer o confronto de ida, fora de casa, por 1 a 0, teve a chance ideal de deixar para trás o "fantasma das oitavas", já que o clube gaúcho foi eliminado nessa etapa nas últimas quatro vezes em que disputou o torneio. Ao sofrer um gol logo no início do jogo, o torcedor Tricolor preocupou-se, mas a equipe reagiu bem e virou a partida, garantindo a esperada classificação, com o resultado de 2 a 1.

O duelo começou agitado em Porto Alegre. Os goleiros já haviam trabalhado quando o atacante argentino Javier Correa resolveu chutar uma bola que quicava à sua frente, ainda longe da área gremista. O disparo surpreendeu o arqueiro do Tricolor, Marcelo Grohe, que chegou a tocar na bola, e ela ainda beliscou o travessão para só então morrer no fundo do gol. Golaço e Godoy Cruz na frente aos 14 minutos de jogo.

Foi então que o Grêmio tomou as rédeas da partida e respondeu rapidamente com Luan, mas o chute parou na trave. O gol de empate amadurecia e chegou aos 29 minutos do primeiro tempo: Luan recebeu no lado direito da área de ataque e tentou cruzar. Não bateu como esperava e o cruzamento saiu fechado, o suficiente para o goleiro Burián atrapalhar-se e largar a bola próxima à linha de fundo. Lucas Barrios foi mais rápido para pegar o rebote e rolar para dentro da área, onde Pedro Rocha teve apenas o trabalho de empurrar para a goleira vazia.

Na segunda etapa o Grêmio tratou logo de decidir a partida e tranquilizar seus torcedores. Aos 14 minutos, em rápido contra-ataque, a bola chegou no centroavante Barrios, dentro da área, que chutou e viu a bola bater na trave. Mas o artilheiro da noite, Pedro Rocha, estava esperto para conferir o rebote e dar números finais à partida. Ainda houve tempo para o volante Michel receber seu segundo cartão amarelo na partida, nos acréscimos, e ser expulso. Desfalque certo para a partida de ida nas quartas-de-finais da Libertadores.

Agora o clube gaúcho espera nesta quinta-feira a definição de seu próximo adversário: Botafogo ou Nacional, do Uruguai. Os brasileiros estão em vantagem após vencerem o confronto de ida, fora de casa, por 1 a 0 e agora decidem no Rio de Janeiro.

Ficha Técnica:
Grêmio 2 X 1 Godoy Cruz (ARG)
Competição: Copa Libertadores da América, oitavas-de-finais, jogo de volta
Data9 de agosto de 2017, quarta-feira 
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS) 
Horário: 19h15 (horário de Brasília)
ÁrbitroEnrique Cáceres (PAR)
Assistentes
Eduardo Cardozo e Juan Zorilla (ambos do PAR)
GolsGrêmio: Pedro Rocha, aos 29 minutos do primeiro tempo e aos 14 minutos do segundo tempo. Godoy Cruz: Correa, aos 14 minutos do primeiro tempo.
Cartões amarelos: Grêmio: Michel, Maicon, Fernandinho. Godoy Cruz: Abecasis, Galeano, Henríquez, Olivares.

GrêmioMarcelo Grohe; Leo Moura, Pedro Geromel, Kannemann e Bruno Cortez; Michel, Maicon (Arthur), Ramiro (Fernandinho), Luan e Pedro Rocha (Marcelo Oliveira); Lucas Barrios. Técnico: Renato Gaúcho

Godoy Cruz: Burián; Abecasis, Galeano, Olivares e Angileri; Rodriguez (Verdugo), Henríquez (Facundo Silva) e Giménez; Garro (Gonzalez), Correa e Garcia. Técnico: Mauricio Larriera

@RenanDelari

28 de abr. de 2017

Meninos "estrangeiros"



            Vivemos no país do futebol. Que garoto nunca sonhou em ser um grande jogador, um novo craque, jogar no time do coração ou ser o camisa 10 da Seleção? Muitos tentam, poucos conseguem. Mas quando existe a chance de realizar o sonho e para isso é preciso deixar tudo para trás, sua casa, sua família, seus amigos e tudo o que conhece?
            Tornou-se comum os times de futebol irem atrás de talentos cada vez mais jovens e de outros lugares que não a cidade natal do clube. Não por acaso, vemos as categorias de base das agremiações com alguns jogadores oriundos de outros lugares do país, ou até mesmo de outros cantos do mundo.
            Cada garoto possui responsáveis cujos quais devem tomar a decisão de deixá-lo perseguir seu sonho ou impedi-lo. Ir junto, arriscar a sorte ou não arriscar. Quantas histórias devem existir, em tantos lugares, espalhadas por aí, em qualquer esquina. Algumas famosas, outras desconhecidas. Mas aqui serão contadas duas, de coisas que aconteceram, acontecem e ainda podem acontecer, de jovens que apostaram tudo em busca do objetivo de ser um jogador de futebol.

Pablo Andrade 

            O carioca Pablo Andrade Plaza da Silva, de 23 anos, é jogador do Silva Sociedad Deportiva, da quarta divisão espanhola. Natural da cidade do Rio de Janeiro, essa não é sua primeira experiência no futebol longe de casa. Durante duas temporadas jogou nas categorias de base do Grêmio, clube do Rio Grande do Sul, entre 2008 e 2010, dos 14 aos 16 anos.
            Começou no futebol com nove anos, no Vasco, time de sua cidade natal. Quando jogava no CFZ Rio (Centro de Futebol Zico) alguns olheiros do Grêmio estavam presentes em um treinamento para acompanhar atletas que interessavam ao clube. Ele acabou por chamar a atenção e em um mês já estava em Porto Alegre, a 1105km de distância de sua casa.
            Em sua primeira temporada no clube gaúcho recebia ajuda de custo e moradia, e no ano seguinte firmou um contrato de três anos de duração. Pablo conta que no início foi complicado, pois era a primeira vez que ficava longe da família. Com o decorrer do tempo a saudade só aumentava, principalmente por saber que ficaria um ano longe de casa, até que chegassem as férias.
            Apesar da dificuldade, era seu sonho e, consequentemente, também o de seus pais. Ter uma chance em um dos maiores clubes do Brasil, a família sabia desde o começo o tamanho do desafio a ser enfrentado, mas era a chance de almejar algo grande na carreira do garoto.
            Jogadores de futebol, quando saem de casa cedo, abrem mão de curtir a infância para se concentrar apenas no esporte. O tempo livre era para matar a saudade da família e amigos. Na época de Grêmio, Pablo utilizava a rede social MSN e também um telefone da marca Nextel. E o contato foi fundamental para ele seguir firme e não desistir: “As pessoas que sempre quiseram meu bem me deram força para seguir em frente, que lá na frente eu seria recompensado e teria muito tempo pra curtir com a família e amigos. Hoje não me arrependo de nada.”, declarou.
            Mas não eram poucas as vezes em que a vontade de largar tudo e voltar para casa batia. “Nem sempre as coisas são maravilhosas a todo instante, então quando algo dava errado, a primeira coisa que eu pensava era em ir pra casa ficar com minha família.”, confidenciou Pablo. E foi por motivos pessoais que, aos 16 anos, retornou ao Rio de Janeiro.
            Porém, a adaptação à capital gaúcha não foi um dos problemas: “graças a Deus fiz amigos que me ajudaram muito e, com o passar do tempo, a gente vai amadurecendo e acaba ficando tudo mais fácil. Amei morar em Porto Alegre, as pessoas me acolheram muito bem.”, finaliza.


Pablo na base do Grêmio (E), e hoje no Silva SD (D, de preto com a bola)

Pedrinho e Jean Café

            Os irmãos Pedro Bruno Gomes, o Pedrinho, e Jean Lucas Gomes, o Jean Café, de 15 e 16 anos, respectivamente, nasceram em Lages, município no sul de Santa Catarina, a 345km de distância de Porto Alegre, cidade do Sport Club Internacional e onde moram atualmente. Desde os seis anos de idade atuam em clubes de futebol, mas começaram no futsal.
            Foram descobertos quando atuavam no Figueirense, de Florianópolis, por olheiros do Internacional. Então realizaram um acordo para fazerem um teste no Colorado, no qual obtiveram sucesso. O processo de mudança levou um ano, no qual eram monitorados de perto. No final de 2017 completarão quatro anos em solo gaúcho. Na mudança foram os dois garotos, o pai, a mãe e a irmã caçula.
            De acordo com o pai, que também se chama Jean, a decisão foi tomada pela vontade dos jovens jogadores, que são apaixonados pelo esporte. Após o contato dos olheiros, teve uma conversa com os filhos e perguntou se eles queriam ir para o Rio Grande do Sul, Então recebeu como resposta um "vamo embora, a gente quer ir".
            Tiveram de mudar completamente suas vidas. Como Pedrinho e Jean Café eram muito novos (11 e 12 anos, respectivamente), o pai achou melhor não deixá-los sozinhos e acompanhá-los. Como a família toda foi junto, se instalaram em Porto Alegre. O clube oferecia moradia para os garotos nos alojamentos do Centro de Treinamento localizado na cidade de Alvorada.
            O mais difícil para os catarinenses foi deixar a família e os amigos para trás. Três anos se passaram e ainda é complicado superar a falta deles. Por diversas vezes pensaram em voltar, se estava certo continuar ali, sempre havia uma interrogação na cabeça de cada um. O pai, a mãe e a irmã resolveram acompanhar os garotos justamente por que sabiam que sozinhos eles não resistiriam e retornariam para Lages.
            Para matar a saudade, nas férias e em todo o tempo livre que conseguem, viajam rumo ao antigo lar, visitar os entes queridos. O contato é diário, através do celular. No início, como não existia ninguém da família ou nenhum conhecido em Porto Alegre, foi difícil. Chegar em uma cidade grande, perigosa, costuma ser intimidador. Mas receberam todo o suporte possível do novo clube, o Internacional.
            Durante o primeiro ano, os garotos ficavam apenas dentro de casa e passavam os finais de semana exclusivamente com a família. No máximo iam ao shopping. Não existiam laços sociais. Hoje, quase quatro anos depois, Pedrinho e Jean Café já sentem como se Porto Alegre fosse a casa deles. Se acostumaram com o clube, com as pessoas, com a cidade. Agora é seguir com dedicação para fazer com que essa se torne uma história de superação e sucesso.

Pedrinho (E), o pai, Jean (C) e o irmão, Jean Café (D)