27 de mar. de 2014

Ditadura, economia e Havelange: a Copa da Argentina

A Copa da Argentina, que seria marcada pela ditadura no país e também por criticas ao título dos Hermanos, começou 4 anos antes, em julho de 1974 com um aperto de mão entre o presidente da Fifa, João Havelange e o dono da Adidas, Horst Dassler. Um aperto de mão, sem nenhum papel assinado transformaria a Fifa numa das organizações mais ricas do Mundo. O dinheiro vindo da FIFA era de 4 em 4 anos, quando as Copas do Mundo acontecem. A entidade tinha ganhado 80 milhões de dólares da Copa da Alemanha, desse dinheiro, a FIFA ganharia 4 milhões por ano até a Copa da Argentina, o que era pouco para as dívidas que vinha acumulando. Pensando nisso Havelange começou a procurar negócios de marketing por todo o país, negociando primeiramente com a Nestle e a Pepsi, ambas recusaram o contrato. Fechando com o material esportivo da Adidas e fazendo negócio com Horst Dassler, o dono da bilionária empresa disse a Havelange que o apresentaria a Coca-Cola. Em 1976 Havelange assinaria um contrato de 7 milhões de dólares, a cada quatro anos, com a Coca-Cola em troca da presença em todos os eventos da Fifa. A partir daí começaria uma jornada até a Copa da Argentina, movida por tentativa de boicote, resistência de Havelange e um dos seus principais legados: não misturar política com o futebol.
A política da Copa de 78 na Argentina começaria com a morte do presidente do comitê argentino responsável pelo evento. O presidente do comitê, o general Omar Carlos Actis tinha uma grande divergência com o vice, o capitão Calos Alberto Lacoste. Enquanto Lacoste defendia um investimento maior na infraestrutura dos estádios, para conseguir transmitir a Copa na TV a cores, Omar era favorável a uma contenção maior de gastos relacionados a realização da Copa. O assassinato do presidente do comitê em 1976 nunca foi realmente confirmado o motivo, mas coincidência ou não alguém ganharia com aquela morte, o vice presidente Carlos Alberto Lacoste que assumiria o cargo de Omar logo após sua morte.
A mudança do governo da Argentina, para um ditadura, fazia com que a imprensa colocasse uma pressão em cima dos organizadores da Fifa, perguntando sobre o que mudaria. Dentro da entidade, um boicote foi cogitado por alguns dirigentes, mas Havelange junto com os organizadores da entidade defenderam a permanência da Copa na Argentina sobre a justificativa de que o futebol não se misturava com a política. A Copa teria de ser feita na Argentina, pois já estava marcada para o local e mesmo a mudança do governo não mudaria isso.
Uma frase de Keir Radnedge sobre os dirigente como Havelange dizia bem o que estava acontecendo:
"Se você é uma autoridade vai sempre ter que apertar as mãos, sentar e ser polido e ás vezes conversar com assassinos repugnantes. Isso é política. Você tem que fazer. Quando você é jovem, não pensa assim, mas você cresce e faz."
Enquanto o próximo problema estava relacionada a televisão, onde a transmissão correria o risco de não sair da Argentina e caso saísse seria em preto e branco, Havelange se reunia no Rio de Janeiro com os dois principais nomes da globo, Roberto Marinho e Boni. Havelange pediu ajuda para a globo ajudar a televisão Argentina para transmitir a Copa a cores para todo o Mundo. Primeiramente Roberto Marinho não queria muito ajudar os Argentinos pelo fato da rivalidade que tinha dentro dos estádios mais falou a Havelange que daria todo o auxilio para a televisão Argentina, conseguindo transmitir a Copa do Mundo com cores para o Mundo.
A Copa começava em um clima pouco esperado. Para quem estava nas ruas da Argentina durante a Copa não parecia que o país estava sobre uma forte ditadura militar e em um de seus momentos mais sangrentos. O grupo de oposição da ditadura fez um acordo de paz com a Fifa em Paris dizendo que não protestaria durante a Copa. O objetivo do presidente da organização era não misturar a política com o futebol e impedir que qualquer ato político atrapalhasse a organização da Copa. A Copa do Mundo de 1978, na Argentina, terminou com os Hermanos campeões, uma enorme dúvida pelo lado jornalístico sobre a compra da Copa pelo lado Argentino. O jogo mais polêmico foi contra o Peru, onde a Argentina precisava de uma goleada histórica para passar na próxima fase e eliminar o Brasil. Os Hermanos venceram por 6-0 e conseguiram passar, por saldo de gols para a final vencendo a Holanda por 3-1.
A Copa da Argentina daria um salto para um avanço da Fifa nas questões políticas, com o não boicote e o fortalecimento dos sul-americanos na chamada Fifa Europeia e econômico, dando o inicio a patrocínios que começariam a gerar lucro a partir da próxima Copa, dessa vez na Alemanha.