7 de abr. de 2015

A História do Pré Brasileirão - Parte V - O fim de ano dos torcedores de Santos e Bahia

Já imaginou ficar esperando a grande decisão de um Campeonato Brasileiro, ainda mais o primeiro da história, por três meses? Foi o que os torcedores de Santos e Bahia passaram na passagem de ano de 1959 para 1960, já que graças a uma excursão santista pela América do Sul, a partida de desempate e grande decisão da Taça Brasil de 1959 ficou apenas para março de 1960, deixando travado o grito de campeão de uma das torcidas por quase 90 dias.


Com um calendário que já previa uma decisão nos momentos finais de 1959, Santos e Bahia chegaram a final da primeira Taça Brasil embalados, após difíceis embates nas semifinais diante de Grêmio e Vasco, respectivamente. A primeira partida decisiva aconteceu no dia 10 de dezembro, na Vila Belmiro, onde em bela atuação, o tricolor de aço superou Pelé e Cia por 3 a 2 e voltou pra casa esperançoso pela conquista do título que poderia vir em casa, já na próxima partida. Vinte dias depois, em 30 de dezembro, as equipes voltaram a se enfrentar, dessa vez na Fonte Nova, lotada de torcedores do Bahia, que apostavam no título como presente de fim de ano, porém, o alvinegro praiano estragou a festa e vencendo por 2 a 0 forçou a realização da terceira partida.
Com o ano prestes a se encerrar, não havia outra solução a não ser marcar a partida de desempate para 1960, entretanto, o time santista fez uma excursão pela América do Sul do início de fevereiro ao fim de março, o que só possibilitou a terceira partida da grande final acontecer no dia 29 de março de 1960, quase 90 dias após o segundo jogo decisivo. Tamanha demora, resultou em mudanças significativas, principalmente no lado do clube baiano, que não tinha nem mais o treinador Geninho no comando da equipe, sendo substituído pelo argentino Carlos Volante. Na partida, realizada em campo neutro, no estádio do Maracanã, um ótimo jogo. De virada, o Bahia venceu o Santos, que não contava com Pelé machucado, por 3 a 1, com gols de Vicente, Léo e Alencar, e soltou o grito de campeão da garganta, que estava preso há quase três meses.

O título rendeu ao Bahia a honra de se tornar o primeiro campeão brasileiro, além de primeiro representante do país na Taça Libertadores da América, que ocorreu no mesmo ano, onde a equipe foi eliminada pelo San Lorenzo logo na primeira fase da competição, o que no entanto, não retira mérito algum do time baiano, que merecidamente após tanta apreensão sempre será lembrado como o primeiro campeão nacional.


João Pedro Almeida