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16 de abr. de 2015

A História do Pré Brasileirão - Parte VI – Os atrasados do Brasileirão

Se outros grandes do futebol brasileiro, como Santos, Palmeiras, Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense, Cruzeiro, Atlético-MG, Inter e Grêmio iniciaram suas histórias em Campeonatos Brasileiros ainda na Taça Brasil, com Corinthians e São Paulo a situação foi diferente.
Os rivais paulistas tiveram sua primeira participação em campeonatos nacionais apenas no Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967. Isso porque a Taça Brasil, primeiro “modelo” de Campeonato Brasileiro, dava vaga apenas aos campeões estaduais e campeões das disputas anteriores. E como o estado de São Paulo nos anos 60, vivia um domínio intenso do Santos de Pelé, e o único clube paulista capaz de parar o alvinegro praiano nesta época foi o Palmeiras, Corinthians e São Paulo acabaram não tendo a oportunidade de disputar a Taça Brasil, iniciando sua caminhada no Brasileirão apenas no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, campeonato que abrangia os principais clubes do país, sem necessariamente a conquista de uma vaga.


O Corinthians teve um início dos mais alucinantes. O primeiro jogo do alvinegro em Campeonatos Brasileiros foi simplesmente diante do Palmeiras, maior rival do clube, e foi com derrota. 2 a 1 para o alviverde. Contudo, foi o único revés do time na fase inicial, onde terminou líder do seu grupo, à frente do Internacional. No quadrangular final, o Timão não conseguiu repetir o bom desempenho, e terminou seu primeiro torneio nacional na terceira colocação.
Já o São Paulo não teve uma grande campanha em sua estreia. Assim, como o rival, também começou sua trajetória com derrota por 2 a 1, só que para o Bangu. No decorrer do campeonato, o tricolor paulista não se acertou e conquistou apenas três vitórias, ficando na quinta colocação do Grupo A, o mesmo do Corinthians, e sendo eliminado ainda na fase inicial.
Se a estreia da equipe de Parque São Jorge foi melhor, quem conquistou primeiro um título nacional foi o São Paulo. Ao vencer o Atlético-MG na final, em 1977, os comandados de Rubens Minelli levaram o primeiro Campeonato Brasileiro para o Morumbi. O Corinthians só viria a conquistar seu primeiro Brasileirão em 1990, ao vencer o próprio São Paulo na grande decisão.
Apesar do “atraso”, hoje Corinthians e São Paulo são dois dos maiores campeões brasileiros, com cinco e seis títulos, respectivamente, o que comprova a grandeza e a força de dois dos maiores times do país.



João Pedro Almeida

7 de abr. de 2015

A História do Pré Brasileirão - Parte V - O fim de ano dos torcedores de Santos e Bahia

Já imaginou ficar esperando a grande decisão de um Campeonato Brasileiro, ainda mais o primeiro da história, por três meses? Foi o que os torcedores de Santos e Bahia passaram na passagem de ano de 1959 para 1960, já que graças a uma excursão santista pela América do Sul, a partida de desempate e grande decisão da Taça Brasil de 1959 ficou apenas para março de 1960, deixando travado o grito de campeão de uma das torcidas por quase 90 dias.


Com um calendário que já previa uma decisão nos momentos finais de 1959, Santos e Bahia chegaram a final da primeira Taça Brasil embalados, após difíceis embates nas semifinais diante de Grêmio e Vasco, respectivamente. A primeira partida decisiva aconteceu no dia 10 de dezembro, na Vila Belmiro, onde em bela atuação, o tricolor de aço superou Pelé e Cia por 3 a 2 e voltou pra casa esperançoso pela conquista do título que poderia vir em casa, já na próxima partida. Vinte dias depois, em 30 de dezembro, as equipes voltaram a se enfrentar, dessa vez na Fonte Nova, lotada de torcedores do Bahia, que apostavam no título como presente de fim de ano, porém, o alvinegro praiano estragou a festa e vencendo por 2 a 0 forçou a realização da terceira partida.
Com o ano prestes a se encerrar, não havia outra solução a não ser marcar a partida de desempate para 1960, entretanto, o time santista fez uma excursão pela América do Sul do início de fevereiro ao fim de março, o que só possibilitou a terceira partida da grande final acontecer no dia 29 de março de 1960, quase 90 dias após o segundo jogo decisivo. Tamanha demora, resultou em mudanças significativas, principalmente no lado do clube baiano, que não tinha nem mais o treinador Geninho no comando da equipe, sendo substituído pelo argentino Carlos Volante. Na partida, realizada em campo neutro, no estádio do Maracanã, um ótimo jogo. De virada, o Bahia venceu o Santos, que não contava com Pelé machucado, por 3 a 1, com gols de Vicente, Léo e Alencar, e soltou o grito de campeão da garganta, que estava preso há quase três meses.

O título rendeu ao Bahia a honra de se tornar o primeiro campeão brasileiro, além de primeiro representante do país na Taça Libertadores da América, que ocorreu no mesmo ano, onde a equipe foi eliminada pelo San Lorenzo logo na primeira fase da competição, o que no entanto, não retira mérito algum do time baiano, que merecidamente após tanta apreensão sempre será lembrado como o primeiro campeão nacional.


João Pedro Almeida

1 de abr. de 2015

A História do Pré Brasileiro – Parte IV - Eles pararam Pelé e Cia

De 1958 a 1970 o Santos de Pelé dominou o Brasil praticamente na totalidade deste período, porém, alguns verdadeiros guerreiros, e porque não, também artistas, foram capazes de parar esse esquadrão formado na equipe de Vila Belmiro. Até o seu auge, os santistas foram parados por apenas três times, que com certeza terão seus nomes eternamente marcados na história do futebol brasileiro.


O primeiro deles foi logo no primeiro torneio nacional com o peso de um campeonato brasileiro. E o dono da proeza foi o Bahia. O time nordestino que até o encontro com a equipe praiana tinha sete vitórias em onze jogos, precisou de três partidas para derrubar o Santos. Na primeira, em Santos, Pelé até inaugurou o marcador, mas os baianos viraram a partida e venceram por 3 a 2 com um gol aos 44 minutos do segundo tempo, de Alencar. No segundo jogo, na Bahia, Pelé e seus companheiros dominaram o confronto e venceram por 2 a 0. No Maracanã, em campo neutro para o desempate, o alvinegro não contou com Pelé machucado e o Bahia não perdoou, 3 a 1 para o tricolor, e a honra de ser tornar o primeiro campeão brasileiro.
Em 1966 um título para não deixar brecha para qualquer contestação. Os mineiros do Cruzeiro foram implacáveis e não deram chances para os santistas. Com uma sonora goleada no Mineirão, a equipe celeste derrotou o alvinegro praiano por 6 a 2, com três gols de Dirceu Lopes e Pelé expulso. Na volta outra partida espetacular. O Santos abriu 2 a 0 no primeiro tempo, no entanto, Tostão e Dirceu Lopes comandaram uma virada histórica, transformando o resultado em um 3 a 2 que deu o título da Taça Brasil de 1966 ao Cruzeiro.
Tanto na Taça Brasil, quanto no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, Santos e Palmeiras não decidiram o título em nenhuma edição, contudo, não pode se deixar de destacar o alviverde paulista nesta história. De 1958 até 1969, o Palmeiras foi o único clube a parar o Santos no Paulistão. Os palmeirenses conseguiram o título em 1959, 1963 e 1966. E o primeiro e o último título dessa lista renderam ao alviverde seus dois primeiros campeonatos nacionais, já que à época apenas o campeões estaduais e o último campeão tinham o direito a vaga na Taça Brasil, e isso juntamente com a brecha do último campeão tanto em 1960, quanto em 1967, serem os dois outros times capazes de parar o Santos de Pelé, os palmeirenses tiveram um caminho mais tranquilo para superar Fortaleza e Náutico, respectivamente, nas decisões, e conquistar o bicampeonato brasileiro.
Foram cinco títulos da Taça Brasil e um Torneio Roberto Gomes Pedrosa conquistados pelo Santos neste período, que só não teve um hegemonia completa graças aos verdadeiros heróis citados acima, que conquistaram a proeza de derrotar um dos maiores time que o Brasil já viu.

Parte I - A Taça Brasil que durou 14 meses
Parte II - Palmeiras bi-campeão brasileiro no mesmo ano

Parte III - A Força do Nordeste

João Pedro Almeida

25 de mar. de 2015

A História do Pré Brasileirão – Parte III - A Força do Nordeste

Se na era “Campeonato Brasileiro” foram apenas dois títulos e um vice-campeonato em um período de 43 anos, na época da Taça Brasil o Nordeste tinha algumas das principais forças do futebol nacional. Em nove anos, equipes nordestinas ficaram o título uma vez e em cinco ocasiões ficaram com a segunda posição.
É de se ressaltar que o formato da Taça Brasil favorecia essas estatísticas. Somente um time por estado disputava a competição, com exceção do estado vencedor do último torneio, que em caso de ter um campeão estadual distinto do campeão da Taça Brasil anterior, poderia ter dois representantes. Independente disso, no Nordeste havia equipes poderosas, que assustavam com frequência fortes equipes das regiões Sul e Sudeste.


O primeiro deles foi o Bahia, em 1959, que eliminado o Vasco da Gama nas semifinais e superando o Santos de Pelé na decisão, se tornou o primeiro campeão da Taça Brasil. No ano seguinte foi a vez do Fortaleza. Apesar de não superar nenhum adversário de fora do seu estado, mostrou força ao eliminar o Bahia, nas quartas e vencer o Santa Cruz nas semifinais, sendo derrotado apenas pelo Palmeiras, na final.
Em 1961, a revanche entre Santos e Bahia na final da competição. Após eliminar o Fortaleza e o Náutico na fase final, os primeiros campeões brasileiros não repetiram o feito de dois anos antes e ficaram com o vice-campeonato, sofrendo três gols de Pelé na grande decisão, onde foram derrotados por 5x1. Dois anos depois, outra decisão entre baianos e santistas. Mesmo tendo eliminado o poderoso Botafogo, de Garrincha, o Bahia não resistiu ao alvinegro praiano e sofrendo um 8x0 na combinação dos dois jogos da final, ficou mais uma vez na segunda colocação.
Pernambuco também teve seu representante nas decisões de Taça Brasil. O Náutico, em 1967, encarou gigantes e os superou, por muito pouco não conquistando o título. Superando o Atlético-MG nas quartas de final e o Cruzeiro, de Dirceu Lopes e Tostão, nas semifinais, foi superado pelo Palmeiras, de Ademir da Guia e César Maluco, apenas no jogo de desempate, na grande decisão. Em 1968, em um torneio cheio de confusões, o Fortaleza precisou eliminar apenas Bahia e Náutico para chegar a grande decisão, onde foi derrotado pelo Botafogo e ficou pela segunda vez como vice-campeão.
Desde o fim da Taça da Brasil, em 1968, apenas Sport, campeão em 1987 (título que gera polêmicas até hoje, pelo Flamengo também se considerar campeão deste ano, graças a um campeonato não terminado por falta de organização), o Bahia, campeão em 1988 e o Vitória vice-campeão em 1993 conseguiram ficar entre os dois melhores do Brasil representando o Nordeste, um estado que ainda tem grandes retratos da época de ouro de seu futebol, se não mais no campo, ainda nas arquibancadas, onde os torcedores fiéis a suas equipes fazem sua festa particular a cada trilhar do apito, encantando todos os cantos do Brasil.

Parte I - A Taça Brasil que durou 14 meses
Parte II - Palmeiras bi-campeão brasileiro no mesmo ano

João Pedro Almeida

18 de mar. de 2015

A História do Pré Brasileirão – Parte II - Palmeiras bicampeão brasileiro no mesmo ano

Em 13 de dezembro de 2010, a CBF igualou os pesos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa ao Brasileirão. Apesar dos formatos distintos dos torneios atuais, a atitude pode ser vista como uma forma de se fazer justiça com os campeões nacionais das décadas de 60 e 70. Contudo, apesar do Santos ser a equipe que mais “ganhou” títulos brasileiros com essa mudança (seis), o Palmeiras pode ser visto como o maior beneficiado. A princípio, por juntamente com o alvinegro praiano, se tornar o maior campeão brasileiro, com oito conquistas, mas sobretudo, por se tornar a única equipe a vencer o Campeonato Brasileiro duas vezes no mesmo ano.


Apesar de ser inusitada, a situação é simples de ser explicada. Nos anos de 1967 e 1968, tanto a Taça Brasil quanto o Torneio Roberto Gomes Pedrosa foram disputados em nível nacional, (anteriormente a este período, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa era disputado apenas por equipes paulistas e cariocas, no formato do Torneio Rio-São Paulo, extinto em 2002) ou seja, haveria a disputa de dois torneios nacionais, assim como acontece atualmente, com a Copa do Brasil e o Brasileirão. À época, ninguém imaginaria que ambos os torneios teriam peso do principal campeonato nacional no futuro, sendo assim, a disputa dos dois no mesmo ano não haveria empecilho algum.
No primeiro semestre era disputado o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, onde na primeira fase havia dois grupos, um com sete times e um com oito, onde se classificavam os dois primeiros de cada chave, resultando na formação de um quadrangular que decidiria o título. Em 1967, o Palmeiras foi o líder da sua chave na primeira fase, eliminando inclusive o poderoso Santos de Pelé. Na fase final, com 3 vitórias e 3 empates, superou Internacional, Corinthians e Grêmio, e levou o título do Robertão, como a disputa também era conhecida.
Na Taça Brasil, disputada na metade final de 1967, o alviverde paulista já entrou diretamente nas semifinais, já que havia sido campeão paulista em 1966 e isso lhe dava o direito de avançar as fases mais avançadas da competição. Nas semifinais, o Palmeiras venceu o Grêmio em três partidas acirradíssimas, com um 2x1 para cada lado e um 3x1 para o Verdão. Na grande decisão, a equipe comandada por Mário Travaglini enfrentou o Náutico, onde também precisou fazer três partidas, e assim com na fase anterior foi superior, vencendo o jogo desempate por 2x0 e sagrando assim campeão da Taça Brasil.
O que seria uma já gloriosa temporada com dois títulos nacionais, 43 anos depois ganhou um peso ainda maior, se tornando uma façanha histórica e coroando o Verdão com o título de bicampeão brasileiro no mesmo ano.

Parte I - A Taça Brasil que durou 14 meses

João Pedro Almeida / @joaopedroal_

10 de mar. de 2015

A História do Pré Brasileirão – Parte I - A Taça Brasil que durou 14 meses

A partir de hoje, no blog Plantão do Futebol, a cada terça-feria haverá um texto que contará um pouco da história da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a era "Pré Brasileirão". Com curiosidades e fatos inusitados a série contará com seis textos que relembrarão a história do futebol brasileiro do fim dos anos 50 até o início dos anos 70. Vamos ao primeiro deles!

Torneios que tinham início em um ano e seu final em outro, era uma prática comum no futebol brasileiro desde seu princípio até o início dos anos 80. No entanto, a Taça Brasil de 1968 foi além do que qualquer torcedor pudesse imaginar. A disputa iniciada em 4 de agosto de 1968 foi até 4 de outubro de 1969. E acredite, poderia ter durado ainda mais. Mais uma prova de que não é de hoje que a organização do futebol brasileiro está muito distante de ser a ideal.


Tudo começou após o confronto único de oitavas de final da competição entre Botafogo e Metropol-SC, que já no ano de 1969 fecharia seu departamento de futebol profissional, precisar de uma partida de desempate, após o alvinegro carioca aplicar uma goleada de 6x1 nos catarinenses, no Maracanã, mas ser derrotado por 1x0 pelo Metropol, no jogo de volta, no Heriberto Hulse.
Esse jogo de desempate deveria acontecer já no ano de 1969, porém, em meados de janeiro. Isto, até a diretoria do Metropol solicitar o adiamento da partida, já que segundo o clube, o número de desfalques seria grande e não haveria condições da equipe atuar. O pedido não foi atendido, e com isso o time sulista entregou os pontos da partida. Com tal acontecimento, o Botafogo deveria se classificar automaticamente, mas não foi o que aconteceu.
O Metropol voltou atrás em sua decisão, e incrivelmente, teve seu pedido de retorno ao campeonato acatado.  O que pareceu uma desistência clara, acabou soando com uma estratégia, já que com tamanho imbróglio a partida de desempate entre catarinenses e cariocas foi acontecer somente em abril.
No fim das contas, as equipes empataram no Maracanã em 1x1, e o Botafogo se classificou, já que tinha a vantagem do empate por entrar direto na fase final da competição, graças ao título de campeão carioca de 1968.
A competição seguiria normalmente, com as quartas de final, que contaria além do alvinegro carioca, também com a presença de Cruzeiro, Fortaleza e Palmeiras, mais Santos e Náutico, que entrariam já nas semifinais.  Seguiria.
A Taça Brasil definia o representante brasileiro na Copa Libertadores, no entanto, com o atraso da competição, não houve a possibilidade dessa indicação, tanto que a Taça Libertadores de 1969 não contou com equipes brasileiras, assim como em 1970. Com isso, Palmeiras e Santos, não se interessaram mais pela competição, e abandonaram o torneio. Um abandono real, que prevaleceu até o fim da disputa.

O campeonato que contaria com quartas de final, foi direto para as semifinais com o número menor de participantes. Fato que acabou tendo como único ponto positivo, um final antecipado da interminável Taça Brasil de 1969, onde o Botafogo que eliminou o Cruzeiro nas semifinais, superou o Fortaleza, que havia eliminado o Náutico na mesma fase, na grande decisão, assim se tornando o campeão da Taça Brasil de 14 meses.

João Pedro Almeida / @joaopedroal_