No âmbito do escândalo desencadeado sobre a Copa do Mundo com as alegações contra os principais líderes da FIFA por atos de corrupção, na noite deste domingo (21), em um programa de televisão transmitido pelo canal América, foram liberados onze escutas telefônicas que envolvem o ex-presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino), Julio Grondona, em alguns manejos irregulares.
Em um dos bate-papos, Grondona falou com sua equipe de contadores para fugir do imposto sobre os lucros. Porém, os que chamam mais a atenção são os que se referem às partidas da Libertadores.
A escuta indica que o ex-dirigente teria influenciado para que o árbitro Carlos Amarilla apitasse a segunda partida daquele confronto eliminatório. "Saiu bem no fim, ninguém queria este louco de m... e no fim o maior reforço que o Boca teve no último ano foi o Amarilla", disse Grondona em uma conversa com Abel Gnecco, representante argentino na comissão de árbitros da Conmebol.
A partida ao qual Grondona se refere é Corinthians x Boca Juniors, realizado em 2013. O jogo terminou empatado em 1 a 1. Porém a equipe paulista teve um gol mal anulado e reclamou de dois pênaltis não marcados. Na edição de 2012, na única partida do Boca em que Amarilla atuou, foi a derrota para o Fluminense na Bombonera, ainda na fase de grupos, por 2 a 1.
A chamada continua. Gnecco avisa Grondona que a Conmebol planeja escalar Patricio Loustau para apitar o duelo entre Boca e Newell's. O então presidente da AFA discorda da indicação porque Loustau "teve problemas no Boca x River", logo Germán Delfino, Diego Ceballos e Mauro Vigliano seriam os possíveis árbitros a serem escalados. Coincidência ou não, os dois jogos daquele confronto foram arbitrados, respectivamente, por Vigliano e Delfino.
Em outro chamado estabeleceu-se também a estreita relação entre Julio Grondona e Alejandro Burzaco, um dos empregadores incluídos na pesquisa pela corrupção iniciado pela justiça dos EUA.
No final da conversa, ao falar sobre os bandeirinhas, os dois indicaram um suposto esquema para superar o Santos de Pelé na década de 1960.
“Julio, isso eu aprendi com você há mais ou menos quarenta anos”, afirmou Gnecco sobre os auxiliarem. Na sequência, Grondona completou. “Em 1964, quando jogamos com o Santos, eu bati o (árbitro) Leo Horn, que era holandês, com os dois bandeirinhas”, disse o ex-presidente da AFA.
O Santos havia vencido o primeiro jogo por 3 a 2. Na volta, o Independiente superou a equipe paulista por 2 a 1, com dois gols supostamente impedidos.