4 de jan. de 2016

Por que o Avaí foi rebaixado?

Nesta preparação para a temporada 2016, é importante listar alguns dos erros que levaram o Avaí Futebol Clube a retornar para a segunda divisão nacional. Dentre eles estão:

1) A falta de um patrocinador master na preparação para a temporada 2015

Após a saída da Caixa Econômica Federal dos uniformes do Leão, em janeiro de 2014, o clube ficou um ano e nove meses sem um patrocínio master. Só conseguiu fechar com um novo, a Brasfort, em setembro de 2015.

A falta desse dinheiro na montagem do elenco para disputar a série A foi sentida no início e ao longo do campeonato com a falta de qualidade em alguns setores do time. O clube ficou dependente de jogadores do agente Eduardo Uram e visivelmente nas contratações a quantidade foi colocada a frente da qualidade. A grosso modo, a lógica é simples: sem dinheiro, jogadores ruins.

2) O presidente Nilton Macedo Machado

É claro que o presidente de um clube sempre tem alguma parcela de culpa pelo fracasso do mesmo. Podemos atribuir boa parte da demora da chegada do patrocinador master a Nilton Machado, afinal, cabe principalmente ao presidente ir atrás de verbas para a instituição. Outra contribuição negativa do mandatário do Avaí foi ter se colocado indiferente quando, no início do campeonato, erros de arbitragem prejudicavam o time. Ele só viajou ao Rio de Janeiro para conversar com Sérgio Corrêa sobre a arbitragem no mês de setembro, quando o Brasileirão já estava na 24ª rodada.

Presidente Nilton Machado dando entrevista coletiva
(Foto: GazetaPress)
3) O sistema defensivo

O Avaí teve a defesa mais vazada do campeonato, com um número impressionante de 60 gols sofridos em 38 jogos. O ataque da equipe de Florianópolis marcou 38 gols durante a competição, ou seja, foi mais eficiente do que o ataque de Figueirense, Coritiba e Chapecoense, clubes que se mantiveram na primeira divisão. Por tanto, se a defesa não tivesse tomado tantos gols, provavelmente o time não teria sido rebaixado.

A zaga

As muitas falhas dos zagueiros Jéci e Emerson custaram alguns pontos para o Leão. Antonio Carlos foi o zagueiro avaiano que melhor atuou e talvez tenha se livrado da culpa de ter participado da pior defesa. Jubal, jovem promessa, não teve tantas chances, porém muitas vezes demonstrou que deveria ser o titular ao lado de Antonio Carlos. 

Os volantes

Entre os volantes temos Adriano, que é um jogador de muita qualidade e que caiu nas graças da torcida e Renan, o prata da casa considerado revelação do clube. Eduardo Neto, volante que jogou grande parte dos jogos, apesar das falhas, não fez um campeonato tão ruim assim.

Os laterais

O principal problema do sistema defensivo azurra foram as laterais. O lateral-direito Nino Paraíba é um jogador que sobe muito ao ataque e sempre com muita velocidade, porém sua falta de pontaria nos cruzamentos lhe deram poucas assistências no campeonato em relação ao número de bolas que o jogador cruzou para a área. Voltando a falar do sistema defensivo, Nino, por subir muito ao ataque, deixou o setor direito desprotegido muitas vezes. Por fim, é um jogador que marca pouco. Na lateral-esquerda, Romario, apesar do nome de craque e da dedicação e vontade que mostrava nos jogos, errou muito, produziu pouco, não apoiou e nem defendeu bem. Demonstrou, muitas vezes, falta de qualidade e que infelizmente, não se ganha jogo na série A apenas com raça.

Os goleiros

O goleiro Vagner falhou? Falhou. Mas também salvou o time em vários momentos. Talvez sua falta de segurança tenha o atrapalhado e prejudicado o restante do sistema defensivo, porém não é um goleiro ruim, tanto é que foi contratado pelo Palmeiras para ser reserva de Fernando Prass. Diego chegou a ser pedido pela torcida durante uma péssima fase de Vagner, poucos jogos passaram e a torcida implorou por Vagner novamente.

O treinador

Diante de tantas falhas defensivas não tem como não citarmos o trabalho do treinador. Gilson Kleina tem parte de culpa por não ter resolvido as falhas de posicionamento da defesa, tanto durante os jogos, como nos treinamentos.

Goleiro Vagner sai de campo desolado após empate com o Corinthians
(Foto: Marcos Ribolli)

4) O técnico Gilson Kleina

Quando o time não é bom, não tem como o técnico fazer milagre, porém muitas vezes foi percebível a falta de treinamento que era aplicado. Os erros constantes da defesa, como dito acima, falam por si só. Não foi possível notar uma evolução defensiva ao longo dos treinos e jogos. 

Também é surpreendente que Kleina não tenha treinado uma jogada ensaiada envolvendo bola levantada na área, visto que o Avaí abusou das jogadas aéreas durante o campeonato e que foram extremamente pouco aproveitadas justamente pela falta de algo ensaiado acontecer dentro da grande área durante o cruzamento. Na partida contra o Figueirense no primeiro turno, por exemplo, que terminou em 1 a 1, o Leão levantou 22 bolas para a área da equipe do estreito e nenhum desses 22 lances resultou em gol, poucos sequer resultaram em finalização, para se ter uma ideia.

Após a derrota para o Atlético-PR por 2 a 1 na Arena da Baixada, pela 34ª rodada do Brasileirão e uma série de sete partidas sem vencer (apesar do gol de Romulo contra a Chapecoense, na 32ª rodada, ter sido mal anulado por Anderson Daronco quando o jogo estava 0 a 0, o qual provavelmente daria a vitória ao Avaí), Gilson Kleina foi demitido do Leão da Ilha e Raul Cabral assumiu para as últimas rodadas do campeonato.

Jogadores do Avaí choram o rebaixamento após o jogo na Arena Corinthians
(Foto: Marcos Ribolli)


Por: Victor Gaspodini
(victorgaspodini@hotmail.com)