Em 1975, um dos melhores times da história cruzeirense começava a se formar. com Raul Plasmann, Nelinho, Dirceu Lopes, Palinha, entre outros. A equipe dominava o estado de Minas Gerais, e vinha de um vice-campeonato brasileiro em 1974, o que animava a torcida celeste para a competição sul-americana. E o ânimo cresceu ainda mais quando os mineiros eliminaram o Vasco, atual campeão brasileiro logo na fase de grupos, liderando seu grupo e se garantindo nas semifinais, que tinha um formato diferente à época.
De 1971 até 1987 as semifinais da Taça Libertadores eram disputadas em duas chaves com três clubes cada, onde o líder de cada grupo garantia vaga na decisão. Em 1975, o Cruzeiro ao se classificar pra esta fase, enfrentou em sua chave Rosário Central e o atual campeão do torneio, o temido Independiente.
O Cruzeiro começou de maneira perfeita a fase semifinal. Venceu tanto Rosário Central quanto o Independiente por 2 a 0, garantindo ótima vantagem pros confrontos do returno e o deixando próximo da final da competição. Aliás, uma interessante curiosidade marcou esse grupo da fase semifinal de 1975. Todos os quatro primeiros jogos terminaram com resultado de 2 a 0 a favor do mandante, o que deixou os mineiros na liderança isolada do grupo, com duas vitórias, contra uma de cada um de seus adversários.
Porém, foi justamente quando o 2 a 0 saiu de cena que a situação do grupo se definiu. Primeiramente, na vitória por 3 a 1 do Rosário Central diante dos cruzeirenses, o que tornava a partida entre Cruzeiro e Independiente a verdadeira decisão da vaga. Vitória ou empate celeste renderia ao clube uma vaga na final, já uma vitória por um ou dois gols dos argentinos colocaria o Rosário Central na final (exceto se o Independiente marcasse mais de três gols e vencesse por dois gols de vantagem), deixando pros donos da casa como chance quase que única de ir a decisão, vencer por três ou mais gols de vantagem.
E o maior campeão da competição sul-americana cumpriu sua missão. Com 40.000 pessoas empurrando a equipe de Avellaneda no estádio Libertadores da América, o Cruzeiro foi derrotado por 3 a 0, e toda a vantagem garantida no começo da fase desapareceu como pó.
É claro que situação de 40 anos atrás é bem diferente da atual. Os cruzeirenses decidem em casa e o River Plate já demonstrou inúmeras vezes a dificuldade que tem de vencer o Cruzeiro, mas as coincidências são notáveis, e servem de alerta. O time de Marcelo Oliveira precisa tomar 1975 como lição, e jogar com autoridade, sabendo que nada está ganho, para garantir com sua vaga na próxima fase.
João Pedro Almeida