Vez ou outra no futebol ter o domínio da partida, massacrar na possa de bola, jogar somente no campo de ataque, e ter um time melhor não é o suficiente para se vencer um duelo, por mais incrível que isso pareça, porém, costumeiramente quem junta todos estes elementos saí de campo com a vitória, e nesta noite de quarta-feira, em Santiago, no Chile, a seleção da casa foi premiada, pelo domínio, pela supremacia na posse de bola, pelo quase 100% de ataque e principalmente por ter um time melhor. Por outro lado veio o castigo. Castigo por se basear em um só. Um só jogador, Cavani, e um só objetivo, se defender.
Desde o início do jogo o panorama da partida foi se desenhando. Um Chile comprometido a vencer, e um Uruguai com um comprometimento tão grande quanto em se defender. Um duelo que logo se mostrou que seria definido em poucos gols ou até mesmo em nenhum, o que levaria a tão sonhada pelos uruguaios, disputa de pênaltis, que nos últimos anos vem colaborando nas melhores campanhas da Celeste Olímpica, seja em Copa América ou até mesmo em Copa do Mundo.
O plano de Oscar Tabárez de se defender estava saindo perfeitamente como planejando até a metade da etapa final. Momento em que Cavani se cansou das provocações (e das apalpadas) e segundo a visão de Sandro Meira Ricci deu um tapa em Jara, que ao se desmontar, causou o segundo cartão amarelo e a expulsão da quase única esperança uruguaia no gramado. Mesmo em desvantagem, o drástico momento do Uruguai foi seguido de sua melhor chance, em lindo chute de Sanchez que passou rente a trave e calou por alguns segundos a multidão chilena no Estádio Nacional.
Passando o susto, veio a evidência de toda a superioridade dos donos da casa na partida. Em uma fortíssima pressão, a Roja foi para cima da Celeste, que ainda resistiu, mas não por muito tempo. Quando Muslera cortou o cruzamento para a entrada da área, e Valdivia (que talvez seja outro, pois nessa Copa América vem jogando de forma completamente diferente do que nos acostumamos a ver no Palmeiras, sendo muito mais eficiente) ajeitou para Isla soltar um forte chute, que pareceu estar sendo empurrado por todos os chilenos, a aparente invencível barreira uruguaia foi vencida, e foi anotado o único gol da partida. Um tento solitário mas com o incrível poder de manter o país sede na briga pelo sonhado e inédito título da Copa América.
Meira Ricci ainda tentou aparecer mais que o duelo em outra polêmica expulsão, desta vez de Fucile, contudo, mesmo o empurra e empurra prévio ao apito final não foi capaz de estragar um embate que apesar do placar magro e do desequilíbrio de forças foi muito bom e colocou definitivamente o Chile como favorito a levantar o troféu. E ainda mais, coloca a geração de Valdívia, Vidal, Sanchez e Vargas, mesmo os três últimos não tendo feito uma grande apresentação diante do Uruguai, cada vez mais próxima de ser definitivamente escolhida com a melhor da história chilena.
João Pedro Almeida