16 de jan. de 2013

Entrevista exclusiva com André Henning

Amigos leitores do blog,

Hoje quem gosta de esporte, seja futebol, vôlei, basquete, handebol ou NFL, com certeza está ligado no Esporte Interativo e com mais certeza ainda conhece André Henning.

Com narrações irreverentes, bordões engraçados, muito bom humor, mas acima de tudo muita seriedade e muito conhecimento, André se tornou um dos melhores narradores do Brasil. E, mesmo com esse status, abaixo, André dá um show de humildade e educação.

Por isso, é com muito orgulho, que nós do Blog Plantão do Futebol, divulgamos essa entrevista e, assim como nós gostamos, esperamos que todos vocês leitores gostem e passem a conhecer um pouco mais sobre essa grande pessoa.



1- André, primeiramente conte-nos um pouco sobre sua carreira: quando você iniciou? No início, se espelhou em alguém? Quais os maiores dificuldades que você enfrentou? 

Iniciei em 1995, quando entrei na faculdade de jornalismo. Se formos considerar a parte “amadora”, comecei bem antes (risos). Desde pequeno, narrava jogos em gravadores antigos, anotava escalações em cadernos e investia no meu futuro. Em 1994, por exemplo, fui à Copa dos Estados Unidos como turista para ver os jornalistas trabalharem na cobertura da Seleção. O pessoal que estava comigo queria passear, ir aos parques enquanto eu queria ir no treino da Seleção (risos). Era um drama. Mas sempre muito focado no meu objetivo, que era o de trabalhar com jornalismo esportivo. A narração veio bem mais tarde, depois de mais de 10 anos de profissão. E as dificuldades são as de sempre – mercado pequeno para uma quantidade enorme de gente querendo trabalhar e resistência dos mais “antigos” quando os jovens chegam ganhando espaço nos seus veículos de trabalho. Alguns ajudam e apoiam, outros tentam te empurrar pra baixo. Faz parte do meio onde, infelizmente, tem muita gente com caráter duvidoso trabalhando...

2- Para você, qual foi o jogo mais emocionante que você já narrou? E qual foi o seu primeiro jogo? 

Meu primeiro jogo de futebol como narrador foi Guarani x Santos pelo Brasileirão de 2004, no Brinco de Ouro. Eu ainda atuava como repórter, mas tinha vindo de uma experiência bem sucedida como narrador de vôlei nos Jogos Olímpicos de Atenas. Apareceu a oportunidade para seguir na nova função e abracei a chance. Não saí mais. Os mais emocionantes foram os da campanha do vôlei em Atenas – que foram importantes para o Brasil, mas também para a minha carreira, os dos Pré-Olímpicos de basquete (vários contra a Argentina) e no Mundial Feminino de Handball de 2011. Curiosamente, não foram de futebol...

3- Como todo mundo sabe, você não se limita a narrar só um esporte, então, nesses todos esportes narrados por você, qual o momento que mais te marcou? E no futebol, qual o gol que você narrou que você não esquece até hoje?

Sou um apaixonado pelo basquete, foi o esporte que melhor joguei quando garoto e um dos que mais gosto de assistir e narrar. Ter participado desse momento de renascimento do basquete brasileiro foi muito marcante pra mim. Narrei algumas derrotas brabas do nosso time, mas a vitoria contra a Argentina, em território inimigo, no dia 7 de setembro, nossa Independência, foi muito marcante. No futebol, o golaço do Neymar no Pré-Olímpico Sub 20 por cobertura contra o Paraguai ficou muito marcado.

4- Aqui no Brasil você é corintiano declarado, e no exterior, tem simpatia por algum clube?

Tenho. Pelo Corinthians (risos) ... Não tenho times no exterior. Simpatizo com clubes de historia e camisa, tipo Liverpool, Barcelona, Inter... Mas time mesmo só tenho um.

5- Como foi dito na pergunta acima, você é corintiano declarado, porém não narra nada de times brasileiros. Se narrasse, acha que isso poderia interferir em algo, como críticas por não estar sendo imparcial? Geralmente seus colegas de profissão não revelam o time que torcem, o que você acha disso?

Já narrei, nos tempos de rádio, muitos jogos do Corinthians. Nunca tive problema algum com isso. Críticas por estar sendo “imparcial” acontecem quando você narra qualquer jogo. Qualquer mesmo. Tem gente que critica quando estou narrando Brasil x Argentina, imagine quando envolve paixão clubística. Isso não me preocupa, honestamente. Com relação aos que não divulgam seus times, respeito mas não acho uma postura honesta com seu ouvinte ou telespectador. Acho muito mais correto que aquele que me ouve ou vê saiba o time para o qual torço. Aqueles que fingem torcer para América, XV de Jaú, Mogi Mirim então, nem se fala... Esses mentem duas vezes, na maioria dos casos. Não acho legal. Mas, como disse, cada um é cada um e respeito todos.

6- Você acha que os bordões são um bom caminho para ganhar a simpatia do público? Os seus como você cria? Por exemplo o famoso "Tem que apanhar de cinta", a criação foi na hora?

Os bordões são bacanas para se criar uma marca, para identificar algo que, ao ver na TV, o telespectador imediatamente saiba que é fulano de tal que está narrando. Eles são, na maioria das vezes, criados naturalmente, durante as transmissões. Não parei um dia com lápis e papel na mão e fale: “vamos lá, tenho que criar bordões”. O “Tem que apanhar de cinta” saiu na hora também. Tem narradores que escrevem bordões, anotam num papel. Eu deixo fluir. Provavelmente, já deixei vários pelo caminho. E se ficaram é porque não merecem ser lembrados, tudo naturalmente...

7- Você começou no rádio, mas agora está na TV. Essa troca foi visando a parte financeira ou trabalhar na televisão era um sonho quando você começou na sua carreira jornalística?

Um pouco dos dois. O lado financeiro, normalmente, é mais apreciado na TV. Mas há exceções, claro. Hoje, existe uma leva de profissionais de rádios que ganha muito bem. E merecidamente. Para mim, a troca veio por uma necessidade de se ganhar espaço. No rádio, há mais dificuldade em se crescer como narrador e naquele momento eu queria isso para minha carreira. Acabei saindo do rádio, mas levo-o no meu coração. Ainda voltarei um dia, mas hoje me vejo como um profissional de TV apesar de ter sonhado, quando criança, em trabalhar no rádio.

8- Em 2011, você ganhou o prêmio mídia esporte de melhor narrador de TV aberta. Qual foi sua sensação após o prêmio, já que é o público que elege? E você, também se considera hoje um dos melhores do Brasil?

Humildemente, me considero um dos melhores. Há muitos ótimos narradores e eu sou fã de vários, mas me coloco entre eles também. A sensação de ser premiado pelo público é maravilhosa, não tem como descrever.


9- Você tem alguma meta ainda a ser alcançada em sua carreira? Olhando para essa, aponta algum erro? 

Quero narrar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada na TV. Já fiz isso no rádio, agora é hora da TV. Erros? Vários, provavelmente. Mas não fico olhando pra trás. Vumbora pra frente...

10- Com a sua renovação de contrato com o Esporte Interativo, podemos ter algo novo para esse segundo semestre de 2012 ou até mesmo para 2013?

Para o ano que vem, com certeza. Vem novidades por aí.

Agora, temos duas perguntas sobre a Seleção Brasileira:

11- Sobre a Seleção Brasileira, nesses últimos jogos, parece que o Mano vem encontrando o time ideal. O que você acha dessa última convocação e qual sua perspectiva para a Copa das Confederações em 2013?

Acho boa. O Mano tem sido muito criticado injustamente. Ele pegou a Seleção para renová-la e isso nunca é fácil. Muita gente pega no pé por motivos não corretos. Para as Confederações acho que teremos um time mais arrumado, mas temos que lembrar que o objetivo maior é 2014, não 2013...

12- Ainda sobre seleção. Se você fosse o treinador, quais jogadores você convocaria?
90% desses que aí estão mesmo, não tem muito o que mudar. A principal mudança que eu faria, de cara, seria no gol. O Cavalieri seria o meu número 1.

13- Certamente temos leitores que gostariam se seguir uma carreira jornalística esportiva igual a sua. Você pode dar alguma dica ou conselho para eles?

Ouçam muito rádio (a maior escola da profissão ainda), leiam muito e se preparem. Treinem bastante. Se querem narrar profissionalmente, só há uma forma de se preparar bem – narrando muito. Comprem um gravador e narrem tudo o que tiver pela frente. Escutem as narrações, tenham autocrítica e corrijam o que estiver errado. É a repetição que vai fazer do camarada um grande narrador.

14- André, para finalizar, gostaríamos de agradecer sua atenção e pedir que você deixe um recado para os leitores do Blog Plantão do Futebol.

Um grande abraço e continuem ligados no Esporte Interativo! Vem muito mais por aí...


Mais uma vez gostaríamos de agradecer André Henning pela atenção e confiança depositada em nossa equipe. 

Esperamos que vocês leitores tenham gostado.

Até breve, 
Equipe Plantão do Futebol.

Créditos: William Rodrigues Ferreira e Matheus Leal (@matheusleal1) - autores e editores da entrevista.